Com repertório amplo, medalhões oitentistas promovem farofa do rock em SP

  • Por Jovem Pan
  • 27/06/2016 10h17
Reprodução/Facebook

O rock brasileiro respira aliviado. Talvez não com o mesmo fôlego de um garoto magricelo de 15 anos atrás de uma bola de futebol, é verdade. Há ali, entretanto, vontade e energia de quem fez e continua fazendo história com riffs, batidas frenéticas e letras politizadas. O que se viu na tarde deste domingo (26), no palco da Praça Heróis da FEB, na zona norte de São Paulo, foi a prova empírica de que o rock persiste vivo. Pelo menos enquanto a geração de 1980 continuar na ativa. Nando Reis, Paula Toller e Os Paralamas do Sucesso promoveram uma verdadeira catarse oitentista na apresentação derradeira do “Nívea Rock Brasil”.

Com um repertório heterogêneo, que foi de Roberto Carlos a Celly Campello, passando por Titãs, Raul Seixas, Pitty e Raimundos, o show contou a história dos 60 anos do rock nacional. A banda formada pelo ex-mutante Liminha (baixo), Maurício Barros, do Barão Vermelho (teclado), Rodrigo, do Suricato (voz e guitarra), e Milton Guedes, que tocou com Lulu Santos (gaita e sax), apresentou novas roupagens para clássicos do gênero e, em algumas ocasiões, surpreendeu o bom público que marcou presença no evento – cerca de 250 mil pessoas, segundo a organização do evento.

Expoentes dos anos 80, Nando Reis, Paula Toller e Paralamas celebram história do gênero

A música que abriu apresentação com Nando e Paula nos vocais foi “Banho de Lua”, sucesso de Celly Campello em 1960. A canção, todavia, trouxe um arranjo mais moderno e psicodélico. “É Proibido Fumar”, de Erasmo Carlos e Roberto Carlos, encabeçou um medley só com canções da Jovem Guarda.

“Panis Et Circenses”, de Caetano Veloso e Gilberto Gil, e “Ando Meio Desligado”, dos Mutantes, celebraram o movimento Tropicália na voz de Marjorie Estiano. Um pouco embaraçoso, já que interpretar Rita Lee é sempre algo desafiador.

Paula também se aventurou com “Ovelha Negra” e “Agora Só Falta Você” Tanto Paula quanto Marjorie patinaram. Em algumas oportunidades, inclusive, desafinaram, tropeçaram na voz limitada de alcance curto e caíram na própria armadilha da pretensão artística.

Já Nando fez uma performance segura de “Gita”, de Raul Seixas. Ele também dividiu os vocais com Herbert Vianna em Marvin, dos Titãs, “Óculos” e “Meu Erro”, dos Paralamas. “É um prazer gigantesco tocar ao lado de um dos caras mais brilhantes da música brasileira. Senhoras e senhores, esse cara é o Nando Reis”, disse Herbert.

Para representar os anos 1990, Paula interpretou “Vou Deixar”, do Skank, enquanto Dado soltou voz em “Anna Julia”, do Los Hermanos.

O show terminou com outros clássicos do gênero, como “O Último Romântico”, de Lulu Santos, “Pro Dia Nascer Feliz”, do Barão Vermelho, e “Do Seu lado”, escrita por Nando Reis, e hit com o Jota Quest.

O que faltou ao grupo foi uma grande voz. Alguém que pudesse conduzir os hinos do rock brasileiro com mais atitude e personalidade. Rita Lee e Marina Lima são cantoras expressivas e que marcaram a história da música brasileira. Para interpretá-las, exige-se mais firmeza. Paula e Marjorie não sustentaram o fardo ao contrário de Nando e Os Paralamas, que fizeram justamente o que se esperava deles.

A apresentação de mais de duas horas e meia em São Paulo foi a de despedida. A caravana oitentista passou por Porto Alegre, Rio de Janeiro, Recife, Fortaleza, Salvador e Brasília. Segundo informações da organização do evento, mais de 900 mil pessoas assistiram às apresentações nas seis capitais brasileiras.

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